segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Próximas obras a serem analisadas!

Foram escolhidas as obras a serem debatidas e analisadas em sala de aula com os alunos de Direito Empresarial  I - 2011/1. Os alunos que não sabem mais o que fazer nestas férias para se divertir e estão ansiosos para volta às aulas, seguem as obras e os autores escolhidos.
Leiam e divirtam-se.
 Amando Fontes " Os corumbas"



foto: oquartoelemento

foto:mercadolivre






Sinopse: Este livro foi considerado, na época de seu lançamento, como um romance sobre o proletariado, abrindo um novo caminho na literatura de ficção brasileira. Mostra uma família proletária infeliz e desesperançada, vivendo entre ilusões e desenganos. Romance forte, um marco em nossa literatura.


Amando Fontes nasceu na cidade de Santos, São Paulo, no dia 15 de maio de 1899. De família sergipana, veio para este estado aos 5 meses de idade, por ocasião da morte do pai. Escreveu "Os Corumbas". Livro publicado em 1933 que foi recebido com aplauso pela crítica, tendo obtido o Prêmio Felipe de Oliveira de Literatura. Várias personalidades elogiaram esse livro, a exemplo de Mário de Andrade. Revelou tendência para as letras desde os 12 anos e, já aos 18, possuía uma vasta cultura literária. Freqüentou, no Rio de Janeiro, a roda literária que se agitava em torno de Jackson de Figueiredo. Recebeu a influência do poeta Garcia Rosa. Freqüentou na Bahia o grupo de Carlos Chiachio e Artur de Sales. Foi revisor do imposto de consumo, advogado, professor de português e Deputado Federal por Sergipe, três vezes. Escreveu "Os Corumbas", "Rua do Siriri, publicou alguns poemas e deixou quase pronto um romance intitulado "O deputado Santos Lima". Faleceu em 01 de dezembro de 1967.



Érico Veríssimo "O senhor embaixador"
foto:cyvjosealencar

foto: companhiadasletras















Veja a biografia do escritor aqui


 
O Senhor Embaixador é um romance escrito por Érico Veríssimo e publicado em 1965. A história está focalizada no mundo diplomático e a ação se desenvolve paralelamente em Washington e na fictícia República de Sacramento, localizada nas Antilhas. O tema central é o estado deplorável das republiquetas latino-americanas, corruptas, instáveis e ditatoriais. O personagem principal é o embaixador Gabriel Heliodoro, amigo do ditador que governa a pequena república.




Paulo de Carvalho Neto " Meu Tio Atahualpa"

 
foto: gojaba

foto:klickeducacao















Paulo de Carvalho Neto, romancista , folclorista e ensaísta sergipano, nasceu em Simão Dias/SE(1923). Foi designado pelo Itamaraty para missões culturais durante 20 anos no Paraguai, Uruguai, Chile e Equador. Foi professor nas universidades de Los Angeles e Berkeley por 17 anos. Publicou numerosas obras em espanhol e inglês sobre o folclore latino-americano. Sua novela Mi Tio Atahualpa (1972) foi publicada em seis línguas e Suomi, romance, em três. Faleceu No Rio de Janeiro, em decorrência do Mal de Alzheimer, aos 80 anos.

'Meu Tio Atahualpa' é a história de Atahualpa Sobrinho, mordomo de embaixada em Quito, no Equador, que ocupa o cargo depois da morte do seu tio Atahualpa. A embaixada, nunca especificada no romance, é o espaço absurdo do conflito entre o mundo branco terceiro-mundista, que mimetiza os hábitos europeus, e o indígena. O autor tece uma divertida crítica aos modos e meios da elite burguesa, criando situações hilariantes. A obra, no entanto, guarda um teor engajado na luta por justiça e igualdade para as populações indígenas. Ao longo do livro, Atahualpa Sobrinho vai se transformando num personagem revolucionário contra o discurso autoritário.


Machado de Assis "Dom Casmurro"





Clique aqui para ler o livro



Dom Casmurro é um romance escrito por Machado de Assis em 1899, seu personagem principal, Bento Santiago, é também o narrador da história que, contada em primeira pessoa, pretende "atar as duas pontas da vida", ou seja, unir relatos desde sua mocidade até os dias em que está escrevendo o livro. Entre esses dois momentos Bento escreve sobre suas reminiscências da juventude, sua vida no seminário, seu caso com Capitu e o ciúme que advém desse relacionamento, que se torna o enredo central da trama. Sediado no Rio de Janeiro do Segundo Império, se inicia com um episódio que seria recente em que o narrador recebe a alcunha de "Dom Casmurro", daí o título do romance.






Obs:
No Brasil, decorridos 70 anos da morte do autor ,segundo direito autoral,a obra entra em domínio público. Assim, passa a ser de livre uso, tendo a sociedade livre acesso às obras. O site Domínio Público, do Ministério da Educação, disponibiliza para download gratuito estas obras.



Referências:



sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Imortais acadêmicos sergipanos!

Na capital de Sergipe, na linda Orla de Atalaia encontra-se uma homenagem aos Imortais acadêmicos sergipanos. Estátuas em bronze dos ilustres pensadores e escritores de Sergipe.
Veja as fotos

OBS:
Caso nao consiga ver as fotos click no título da postagem.











Tobias Barreto de Menezes
Nasceu em 07 de junho de 1839, na cidade de Campos do Rio Real, hoje Tobias Barreto, em Sergipe. Destacou-se na vida intelectual não só como professor especialista em latim, mas como poeta e grande escritor jurídico, tendo sua obra se destacado não só no Brasil como no exterior.
Espírito rebelde e corajoso, enfrentou os intelectuais da época defendendo suas idéias. Faleceu em 26 de junho de 1889.









João Batista Ribeiro de Andrade Fernandes
Nasceu em laranjeiras no dia 24 de junho de 1860. Completou seus estudos no Rio de Janeiro onde foi professor do Colégio Pedro II. Formado em Direito dedicou-se as estudo da lingüística, sendo respeitado no Brasil e no exterior. Poeta, tradutor admirável, escritor, membro da Academia Brasileira de Letras, grande pesquisador da cultura publicando várias obras sobre o tema.
Faleceu no Rio de Janeiro em 13 de abril de 1934.



Manuel José Bonfim
Nasceu em Aracaju no dia 08 de agosto de 1868. Terminou o curso de medicina no Rio de Janeiro em 1890, onde se fixou como médico da polícia do estado. Teve grande atuação na imprensa, escrevendo intensamente sobre educação em várias revistas especializadas. Foi secretário de instrução pública do Distrito Federal e combateu de forma rigorosa o racismo. Teve  mérito de organizar o primeiro laboratório de psicologia do Brasil em 1903.
Faleceu no Rio de Janeiro em 22 de abril de 1932.





Gilberto Amado

Nasceu na cidade de Estância em 07 de maio de 1887. Formado em Farmácia e Direito, participou como jornalista de inúmeros órgãos da imprensa do país. Foi professor da faculdade de direito de Recife, deputado federal por Sergipe, embaixador em vários países e chefe da delegação permanente do Brasil na ONU. Destacado escritor com importantes obras publicadas, pertenceu à Academia Brasileira de Letras.
Faleceu no dia 27 de agosto de 1969.





Maurício Graccho Cardoso
Nasceu na cidade de Estância em 09 de agosto de 1874. Seus estudos iniciais foram feitos em Aracaju indo para o Rio de Janeiro, estudar na Escola Militar. Advogado, foi professor da Faculdade de Ciências Jurídicas no Ceará, deputado federal, senador e professor da Faculdade de Filosofia do Rio de Janeiro. Assumiu o governo de Sergipe em 24 de outubro de 1922, onde deixa uma marca profunda na educação, construindo a sede dos colégios Atheneu e Nossa Senhora de Lourdes.
Faleceu em 03 de maio de 1950




Silvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero
Nasceu na cidade de Lagarto em 21 de abril de 1851. Lagarto e Rio de Janeiro foram seus espaços de aprender, formando-se em Direito no Recife. Sua vida foi uma escrita rica não só na área do direito, mas, sobretudo, na literatura do povo. Pesquisador do nosso folclore teve seu nome divulgado pela força de sua obra em todo país e fora dele.
Faleceu no Rio de Janeiro em 18 de julho de 1914.





Gumercindo de Araújo Bessa
Nasceu na cidade de Estância em 02 de janeiro de 1859. Formado em Direito, foi promotor público, desembargador e presidente do tribunal de apelação do estado e deputado provincial. Respeitado pelo grande conhecimento jurídico foi convidado pelos acreanos a enfrentar Ruy Barbosa na defesa do seu território, atuando com brilhantismo invulgar.
Faleceu em 24 de agosto de 1913



José Calasans Brandão da Silva
Nasceu em Aracaju em 14 de julho de 1915. Professor, escritor, historiador, especialista em Canudos. Dedicou parte de seus livros a cultura sergipana e foi um grande estudioso da cultura popular.
Faleceu em Salvador em 28 de maio de 2001.







terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

LITERATURA E SOCIEDADE EM SÍLVIO ROMERO

LITERATURA E SOCIEDADE EM SÍLVIO ROMERO



           


             O exame de um livro de Luiz Murat, jovem poeta estudado por Romero, serve de exemplo do procedimento metodológico que Sílvio utiliza para estabelecer relações entre literatura e sociedade.
            Romero começa apresentando um amplo painel do século XIX, apontando, como sua nota dominante, a doutrina da evolução nos planos da natureza, da vida biológica, da vida política, dos fenômenos artísticos e sociais.
            Razão dessa efervescência em todos os campos do conhecimento e da vida cultural foi o surto e a afirmação dos estudos históricos.  Por estudos históricos Sílvio entende as criações humanas, abarcando a psicologia, a moral, o estudo das línguas, mitos, religiões, folclore; em suma, “todas as manifestações da vida, todas as pojeções da alma humana...” (Literatura Contemporânea, R.J., Garnier, s/d, p. 16).  Podemos talvez encontrar aqui um prenúncio, em sua obra, da célebre oposição ciências da natureza/ ciências do espírito, proposta por Dilthey.
            Romero está impressionado e pinta com vivas cores o cenário do final do século: o surto das ciências da natureza e o surto das ciências humanas, privilegiando a abordagem histórica, o exame comparado das contribuições das ciências da vida, as ciências morais.  Estas últimas seriam superiores às ciências da natureza.  Romero inverte, assim, a perspectiva dominante da filosofia moderna, que privilegiou as ciências físico-matemáticas, as ciências da natureza, inscrevendo-se decisivamente como precursor da contemporaneidade, onde a abordagem histórica, comparativa, hermenêutica, acha-se em primeiro plano.
            Não se trata, para ele, de reduzir as ciências modernas ao modelo das ciências da natureza; estas, ditas “inferiores” (id., p. 15), é que podem, recorrendo ao método histórico e comparativo, próprio das ciências morais, obter benefícios e “estupendo progresso” (id.). Afirma como idéia diretriz, que compatibiliza as diferentes orientações das ciências, a noção de vir-a-ser “da evolução constante, do desenvolvimento perpétuo” (id.).
            No campo das artes, especialmente no da poesia, essa mutação, essa transformação, é essencialmente evidente.
            Assim, Romero indaga: “qual o estado atual de arte neste final de uma fase centenária da história?  Ainda vive a poesia, que a ciência prometera tantas vezes  matar?  (...) Qual o estado destas questões na Europa e no Brasil?” (p. 16).
            Seu tempo é marcado pelo abalo nas velhas concepções de filosofia; pela ascensão do proletariado, pela profunda alteração da vida social.  Aparentemente, o triunfo da ciência anularia as contribuições da filosofia, da arte, da religião.  A poesia, sob a ótica do positivismo e dos críticos E. Scherer, Lefèvre, estaria inteiramente superada.  Sobreviveria como expressão da vida primitiva da humanidade, como expressão da imaginação, da linguagem carregada de imagens, característica da criança e dos primórdios da humanidade.  A ciência não precisa de poesia; é desenvolvimento  de reflexão, que supera as faculdades do homem primitivo.
            Contra essa visão evolutiva do saber e do homem, na qual ressoa a lei dos três estados, de Comte, é que se levanta Romero.  Concorda que a poesia é uma das manifestações antigas da alma humana, como linguagem e religião também o são.  No entanto, antigüidade e morte não são termos equivalente.  A poesia, uma das expressões mais antigas de nossa humanidade, é também um componente essencial da vida humana: “acabará o último poeta, quando acabar o último homem” (p. 22).
            A rápida sucessão de escolas literárias é uma das características, na perspectiva de Sílvio, da literatura do século XIX.  Assim, o classicismo e o Romantismo, nas suas várias manifestações, foram se sucedendo.  O autor examina essa sucessão de autores e escolas na França, modelo paradigmático de nossa cultura, então.
            No Brasil deu-se algo de análogo ao que se passou na França: a poesia da fase clássica foi sucedida por “cinco ou seis escolas [românticas], até entrar em 1870 em plena decadência...” (p. 23).
            A riquíssima história da poesia dos últimos 20  anos do século XIX é mostrada, por Sílvio, na sua relação com os eventos históricos – guerra do Paraguai, abolição da escravatura – e com os eventos políticos: decadência da monarquia, revolução e república.  Face objetiva da história, tais eventos têm sua contrapartida na face subjetiva, o mundo do pensamento.
            “Na ciência, na filosofia, nas questões sociais é igual o fervor.  Há uma sede imensa de saber, de indagar das correntes novas da inteligência européia” (p. 25).  Assim, a sucessão de escolas: positivismo, darwinismo, monismo, criticismo naturalista, entre outras, repercute entre nós; o pensamento alemão ressoa na filosofia e no direito, na história; a literatura realista francesa e a inglesa são estudadas.  Diz Sílvio: “Em poesia todas as grandes escolas contemporâneas contam representantes no Brasil” (id.): a poesia científica, o parnasianismo, o pessimismo, o diletantismo, o lirismo tradicionalista, dentre outras orientações, são examinados.
            A nova poesia, que emerge desse quadro sócio-histórico, encontra, segundo Romero, em Luiz de Murat uma de suas expressões.
            Essa nova poesia é uma retomada do lirismo, que rompe com as concepções de arte engajada, a serviço do social, da veiculação de princípios morais ou científicos.
            O poeta é homem de seu tempo; na sua arte perpassa a problemática vivida por sua época; seu interesse não são as idéias, mas a emoção e o sentimento.  O poeta, na visão de Romero, diz, no plano da emoção, a problemática de sua época.  Desencadeia, pela obra, o sentimento da beleza, daquilo “que nos agrada (...), que em nós desperta o sentimento da admiração”.
            Assim, a poesia não é meio para  educação do homem (utilitarismo), não é serva da ciência (cientificismo), não está a serviço de ideais morais: “... a nova lírica nacional não pretende ser doutrinária, nem moralizante” (p. 34), não é expressão da melancolia, da morbidez, da tristeza (pp. 34-35).
            Pode ser pessimista, uma vez que expõe “o fim de um mundo, não um mundo político (...), mas um mundo do pensamento, que se modificou radicalmente”.
            “A revolução nas idéias, em marcha ascendente nos últimos tempos, acabou por alterar a emocionalidade...” (p.  36).
            Na poesia de Luiz Murat, o lirismo expõe a superação da melancolia romântica, mostra “o fervor pelas novas idéias, pelo progresso (...), pela história da emancipação humana...” (p. 44); e faz ouvir um brasileirismo, que é elogio do país, tomada de consciência de si por parte de um povo, entusiasmo e força, celebração do mundo.
            A abordagem de Sílvio Romero caracteriza-se por essa metodologia: primeiro, apresenta um painel do século, caracterizando o grande contexto histórico, as notas dominantes da vida cultural mundial em que a literatura floresce; em seguida, elenca os eventos marcantes no país e sua ressonância nas obras literárias; finalmente examina um caso concreto, exemplar, no qual a história, o acontecer, são expostos através da ótica de um sujeito criador.  O individual e o social, a vida da cultura, aparecem entretecidos e espelhados, desse modo, na obra de arte, na literatura.
            Em resumo, podemos dizer que, para Romero, a relação literatura – sociedade se explica pondo em evidência os grandes movimentos filosóficos, a luta entre as antigas idéias e a emergência do novo.  No século XIX, esse embate é mostrado como luta entre duas concepções de filosofia, duas concepções de arte: uma, ligada ao surto cientificista da modernidade, privilegiando as ciências físico-matemáticas, outra, prenunciando as grandes tendências do século XX, valorizando a vida, afirmando a prioridade das ciências históricas, das ciências humanas.
            Na literatura do século XIX perpassaria esse embate, especialmente na luta entre concepções de poesia.  Para alguns autores, impregnados de cientificismo, a poesia seria expressão do imaginativo e do sentimento, não tendo mais lugar num mundo civilizado pela ciência, pela razão; para Romero, atento ao novo sopro de idéias, que a França, a Inglaterra e Alemanha lançavam, a poesia sempre terá lugar como componente essencial de vida humana, expondo, pela imagem, a pertinência do homem ao mundo da cultura e traduzindo em novo lirismo dimensões essenciais do ser.